Principal nome da Direita para o Senado na Paraíba aparece em último lugar


 Major Fábio é abandonado pela ala bolsonarista radical, que prefere desperdiçar o segundo voto a garantir um representante de direita no Senado

O principal nome identificado com a Direita na disputa pelo Senado Federal na Paraíba, o Major Fábio, aparece em último lugar nas mais recentes pesquisas de intenção de voto. A situação expõe um racha interno na base conservadora, especialmente entre os eleitores ligados à ala bolsonarista mais radical, que têm se recusado a apoiar o candidato por divergências estratégicas e pessoais.

A consequência é clara: a direita paraibana corre o risco de desperdiçar o segundo voto e, com isso, deixar de eleger um nome autenticamente conservador para representar seus valores em Brasília.


1. A situação de Major Fábio

Major Fábio confirmou sua pré-candidatura ao Senado Federal em 2026, pelo partido NOVO, apresentando-se como o nome mais claramente identificado com a pauta conservadora na Paraíba.

Fonte: Paraíba Online / Paraíba Dia a Dia.

Em suas declarações, o major defendeu que o eleitorado bolsonarista — cerca de 30% do eleitorado paraibano — use o segundo voto para o Senado de forma coerente com os valores da direita.

“Não podemos permitir que os 30% dos paraibanos que votaram em Bolsonaro deem o segundo voto a alguém que não esteja alinhado com nossos valores”, afirmou.
Fonte: Blog do Anderson Soares.

Apesar disso, Major Fábio reclama da falta de espaço e diálogo dentro da articulação majoritária da direita. Segundo ele, o NOVO sequer é citado nas conversas que envolvem o bloco liderado por Efraim Filho (União Brasil) e Marcelo Queiroga (PL).

Fonte: Paraíba Online.

Em tom simbólico de protesto, publicou uma foto montado em um jumento, afirmando:

“Se não tiver vaga no foguete, a gente vai no jumentinho.”
Fonte: Portal da Capital.


2. O que está em jogo para a Direita

A direita paraibana busca garantir pelo menos uma das duas vagas ao Senado em 2026. Contudo, a baixa pontuação de Major Fábio nas pesquisas, variando entre 2% e 3%, acende um alerta sobre o risco de dispersão de votos no campo conservador.

Fontes: Poder Paraíba / Paraíba On.

Enquanto o bloco formado por Efraim Filho e Marcelo Queiroga aposta numa chapa ampla, que inclui nomes de centro-direita e aliados pragmáticos, a base mais ideológica vê nisso uma ameaça à identidade do movimento. A estratégia de acomodar interesses e ampliar alianças pode resultar na “queima” do segundo voto, usado em candidatos com baixa identificação ideológica, reduzindo a força real do campo conservador.


3. As tensões internas da Direita Paraibana

(i) Idealismo vs. pragmatismo eleitoral

Major Fábio simboliza a coerência ideológica: conservador declarado, defensor de pautas morais e da economia de mercado, ele representa a vertente mais fiel ao legado bolsonarista.
Entretanto, sua viabilidade eleitoral é questionada. O bloco majoritário da direita prefere investir em nomes de maior alcance popular, ainda que menos puros ideologicamente.
Esse embate entre “vencer com coerência” e “vencer a qualquer custo” divide a base conservadora e enfraquece o projeto de longo prazo de construção de identidade política sólida.

(ii) O “segundo voto” e o risco de dispersão

O sistema de duas vagas ao Senado exige coordenação estratégica. Sem isso, o campo da direita pode ver seu voto se dispersar: enquanto o primeiro voto vai a um nome forte do grupo, o segundo voto pode ser dado a candidatos sem ligação ideológica ou, pior, pode ser anulado deliberadamente por insatisfação com o cenário.

Major Fábio tem alertado para esse perigo: “Não podemos permitir que o segundo voto vá a quem não é alinhado.”
Fonte: Blog do Anderson Soares.

Se a direita não consolidar esse segundo voto, corre o risco de repetir erros anteriores — fragmentando-se e perdendo espaço para nomes de esquerda ou centro.

(iii) Identidade partidária vs. aliança ampla

O NOVO tenta firmar-se como partido de direita com independência, sem se tornar apêndice das estruturas do União Brasil ou PL. No entanto, o isolamento político ameaça sua relevância eleitoral.
O próprio Major Fábio denuncia que o partido é ignorado nas articulações de alianças, o que desestimula a militância e pode gerar desmobilização da base, especialmente nas redes e nas ruas — terreno essencial para o crescimento de qualquer candidatura conservadora.


4. Conclusão crítica

Há razões objetivas para afirmar que o principal nome da direita paraibana para o Senado está em último lugar nas pesquisas e marginalizado nas negociações políticas.
Mesmo com um histórico de coerência ideológica, serviço público e alinhamento com pautas conservadoras, Major Fábio enfrenta resistência de setores que preferem desperdiçar o voto a consolidar sua candidatura.

Esse comportamento revela uma crise de maturidade política dentro do movimento conservador paraibano, em que vaidades, ressentimentos e disputas internas colocam em risco a construção de um projeto de longo prazo.

Se essa divisão persistir, a Paraíba pode entregar novamente uma vaga ao Senado a candidatos de esquerda ou centro, enquanto a direita — fragmentada e desorganizada — continuará discutindo pureza ideológica em vez de viabilidade eleitoral.


Em resumo:
A campanha de Major Fábio simboliza o dilema da direita contemporânea — entre fidelidade doutrinária e pragmatismo político. Se a base conservadora não compreender a importância de se unir em torno de nomes minimamente competitivos, a direita paraibana corre o risco de ficar sem voz no Senado Federal pelos próximos oito anos.

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